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Camille Pissarro, Fiesta en la ermita, 1878 |
Um dos dados mais importantes das eleições de domingo foi o
abandono da esquerda pelo voto popular. Os resultados são aterradores para os
partidos tradicionais de esquerda. Não apenas porque, no conjunto, estão
reduzidos no número de deputados – 68 em 230, mas porque o eleitorado que os
abandonou muito dificilmente retornará. Parte substancial do eleitorado do
Chega (isto já tinha acontecido nas eleições do ano passado) vem da esquerda.
São pessoas que estão revoltadas com a sua situação social e cansaram-se tanto
do reformismo socialista como da retórica revolucionária do Partido Comunista e
do Bloco de Esquerda.
Não querem saber de transformações colectivas, nem da luta
dos trabalhadores ou das minorias. O centro do seu interesse político é a sua
vida. Votaram no partido que imaginam dar corpo à sua revolta. É uma esperança
do desespero. Imaginaram, durante muito tempo, que seria a política de esquerda
que levaria o Estado a resolver os seus problemas. Como o Estado é impotente
para o fazer, pois cada um depende de si mesmo, mudaram não o modo de pensar,
mas o sentido de voto. Tornam a imaginar que um partido ou o seu líder lhes resolverá
o problema. É uma ilusão que levará tempo a ser desfeita.
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