Qual é o
solo a partir do qual pode florescer a inteligência crítica, qual é a terra que
é preciso não descurar na educação, para que a planta se desenvolva e floresça?
Esse solo são as velhas competências da memória e da sistematização da
informação (a sua classificação e organização). Se esse solo não for cuidado,
toda a semente lançada nele morrerá. Isto não significa que métodos arcaicos de
ensino sejam a solução. Significa outra coisa: é necessário que os responsáveis
pela educação e os professores encontrem a melhor maneira de trabalhar o
desenvolvimento dessas competências básicas. O importante não é se a
metodologia é nova ou tradicional, mas que funcione, que conduza os alunos a
fortalecer os processos ligados à memória e à sistematização.
Se a
informação sistematizada pela IA se encontra à distância de um prompt (a
questão posta ou tarefa pedida à IA), as novas gerações necessitam de
desenvolver, para além das competências tradicionais, outras bem mais complexas.
Precisam de aprender a interrogar a IA, de cultivar competências
lógico-matemáticas e de avaliação crítica da informação gerada, bem como de
fomentar a capacidade de articular dados para resolver problemas práticos ou
cognitivos. Precisam de ser activos na relação com a IA e não receptores
passivos — caminho certo para a estupidificação. O novo ambiente gerado pela IA
não vem substituir o esforço dos alunos. Vem exigir mais esforço no
desenvolvimento das competências básicas e no das mais elevadas. Ambas têm de
ser mais sólidas. O caminho será compatibilizar o desenvolvimento das
competências básicas da memória e da sistematização com as mais exigentes do
pensamento crítico e reflexivo. A IA não veio trazer o descanso, mas um esforço
mais complexo e profundo na aprendizagem. Só sobreviverá quem se tornar mais
inteligente, não menos.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.