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Fred Kradolfer, sem título, 1930 (Gulbenkian) |
Há uma gramática da memória que, como todas as gramáticas, articula a fonética, a morfologia e a sintaxe daquilo que se recorda e do que é entregue ao esquecimento. A fonética memorial observa a sonoridade da recordação, enquanto a morfologia medita sobre a formação das unidades mnemónicas e o modo como, partindo de unidades mínimas, se estruturam noutras mais amplas. Por fim, a sintaxe ocupa-se dos exercícios combinatórios dessas unidades, estruturando paisagens, como grandes textos que nos trazem o que estava oculto. Sobre tudo isso reina o esquecimento — não como uma ameaça, mas como o campo de possibilidade de onde emerge o que escapa ao olvido.
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