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| Carl Winkel, Motiv von der Unterelbe, 1907 |
O trabalho da memória não se orienta pelo chamamento de uma tradição, com a sua legalidade testada ao longo dos anos, ou dos séculos, mas por uma nostalgia indefinível que toca o coração e se exprime no olhar. Esta nostalgia, porém, não é do acontecido ou do vivido, mas dos mundos possíveis que, em certa época, estavam presentes e que a vida se encarregou de eliminar. Na imperfeição de cada época, na imperfeição das coisas de cada época, existem mundos perfeitos que nunca deixarão o estado de potencialidade, para se actualizarem no quotidiano. Quando o olhar surpreende uma dessas imagens, o coração deixa-se atravessar pela nostalgia. Não do que foi, mas daquilo que nunca chegou a ser, mas deveria ter sido. E é isso que ilumina, com leveza, a memória que persiste.

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