Como em todas as literaturas, também na portuguesa existe um
cânone. No romance, Camilo Castelo Branco, Eça de Queirós, Agustina Bessa-Luís
ou José Saramago pertencem, de forma permanente, ao cânone. Outras entrarão e
sairão dele em conformidade com os humores do dia. E há aqueles que parecem
excluídos para sempre desse cânone. Como o escritor alentejano Manuel Ribeiro.
Contudo, é uma personagem muito interessante e um escritor com qualidade
literária. Muito lido nos anos vinte e trinta, a morte trouxe-lhe, como a
muitos outros, o esquecimento do público.
Filho de um sapateiro de Albernoa, chegou a cursar medicina,
tendo desistido por falta de recursos. Teve um percurso singular. Durante a
República interessou-se pelo sindicalismo, foi director do jornal
com o jornal A Batalha, e, para completar o percurso revolucionário, foi
revolucionário A Bandeira Vermelha. Tornou-se anarquista, colaborando
com o jornal A Batalha, e, para completar o percurso revolucionário, foi
com o jornal A Batalha, e, para completar o percurso revolucionário, foi
um dos fundadores do Partido Comunista Português, onde foi eleito para a
comissão geral de educação e propaganda e para a Junta Nacional. Em 1921, foi
enviado como delegado da secção portuguesa da Internacional Comunista ao III
Congresso do Comintern. Contudo, o percurso de Manuel Ribeiro não termina aqui.
O revolucionário anarco-comunista converteu-se ao catolicismo, onde encontra a
espiritualidade que as doutrinas revolucionárias tinham escondido sob os
com o jornal A Batalha, e, para completar o percurso revolucionário, foi
problemas do estômago.
Entre os nove romances que publicou, destacam-se duas
trilogias. A Trilogia Social (A Catedral (1920); O Deserto (1922);
A Ressurreição (1923) e a Trilogia Nacional (A Colina Sagrada
(1925); A Planície Heróica (1927); Os Vínculos Eternos (1929). Na
primeira, acompanha-se o percurso de um arquitecto, Luciano, no seu processo de
conversão ao catolicismo. De certa maneira, podemos ver na personagem uma
projecção do autor. O curioso é que o processo de conversão estava já em
andamento, enquanto Manuel Ribeiro era preso como revolucionário ou quando foi
um dos fundadores do Partido Comunista. A Trilogia Nacional trata, em primeiro
lugar, dos tempos finais da República, depois da tensão, no Alentejo, entre a
com o jornal A Batalha, e, para completar o percurso revolucionário, foi
terra e a fé e, por fim, do conflito entre moral e ciência, um tema actual.
Vale a pena voltar a ler Manuel Ribeiro? Sim, embora não
seja fácil para leitores que não tenham disponibilidade para uma linguagem
rica, erudita e complexa, nem para a descrição que suspende a acção, para dar
ao leitor a possibilidade de contemplar através das palavras aquilo que o autor
contemplou. Manuel Ribeiro, como outros escritores portugueses, não merece o
esquecimento em que caiu.
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