sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Manuel Ribeiro (1878-1941)


Como em todas as literaturas, também na portuguesa existe um cânone. No romance, Camilo Castelo Branco, Eça de Queirós, Agustina Bessa-Luís ou José Saramago pertencem, de forma permanente, ao cânone. Outras entrarão e sairão dele em conformidade com os humores do dia. E há aqueles que parecem excluídos para sempre desse cânone. Como o escritor alentejano Manuel Ribeiro. Contudo, é uma personagem muito interessante e um escritor com qualidade literária. Muito lido nos anos vinte e trinta, a morte trouxe-lhe, como a muitos outros, o esquecimento do público. 

Filho de um sapateiro de Albernoa, chegou a cursar medicina, tendo desistido por falta de recursos. Teve um percurso singular. Durante a República interessou-se pelo sindicalismo, foi director do jornal com o jornal A Batalha, e, para completar o percurso revolucionário, foi revolucionário A Bandeira Vermelha. Tornou-se anarquista, colaborando com o jornal A Batalha, e, para completar o percurso revolucionário, foi com o jornal A Batalha, e, para completar o percurso revolucionário, foi um dos fundadores do Partido Comunista Português, onde foi eleito para a comissão geral de educação e propaganda e para a Junta Nacional. Em 1921, foi enviado como delegado da secção portuguesa da Internacional Comunista ao III Congresso do Comintern. Contudo, o percurso de Manuel Ribeiro não termina aqui. O revolucionário anarco-comunista converteu-se ao catolicismo, onde encontra a espiritualidade que as doutrinas revolucionárias tinham escondido sob os com o jornal A Batalha, e, para completar o percurso revolucionário, foi problemas do estômago. 

Entre os nove romances que publicou, destacam-se duas trilogias. A Trilogia Social (A Catedral (1920); O Deserto (1922); A Ressurreição (1923) e a Trilogia Nacional (A Colina Sagrada (1925); A Planície Heróica (1927); Os Vínculos Eternos (1929). Na primeira, acompanha-se o percurso de um arquitecto, Luciano, no seu processo de conversão ao catolicismo. De certa maneira, podemos ver na personagem uma projecção do autor. O curioso é que o processo de conversão estava já em andamento, enquanto Manuel Ribeiro era preso como revolucionário ou quando foi um dos fundadores do Partido Comunista. A Trilogia Nacional trata, em primeiro lugar, dos tempos finais da República, depois da tensão, no Alentejo, entre a com o jornal A Batalha, e, para completar o percurso revolucionário, foi terra e a fé e, por fim, do conflito entre moral e ciência, um tema actual. 

Vale a pena voltar a ler Manuel Ribeiro? Sim, embora não seja fácil para leitores que não tenham disponibilidade para uma linguagem rica, erudita e complexa, nem para a descrição que suspende a acção, para dar ao leitor a possibilidade de contemplar através das palavras aquilo que o autor contemplou. Manuel Ribeiro, como outros escritores portugueses, não merece o esquecimento em que caiu.

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