Juan Genovés Candel - Sobre la representación política (1973)
Há dois fenómenos que mostram o grau de degradação a que chegou a vida
política ocidental. O primeiro centra-se na capacidade que o fundamentalismo
islâmico tem tido para conseguir colocar na agenda de muitos países ocidentais
um conjunto de temas que pareciam há muito resolvidos. Bastam dois exemplos: o
questionamento da separação entre religião e política e a negação sistemática
da igualdade entre homens e mulheres. O segundo fenómeno provém da disputa
presidencial em curso nos EUA. Que Donald Trump tenha ganho no campo dos
republicanos e seja um candidato com possibilidades de vencer a eleição
ultrapassa em muito experiências de degradação com a importância, por exemplo,
do fenómeno Beppe Grillo e o seu Movimento 5 Estrelas, em Itália.
Apesar de, em aparência, não haver relação causal entre estes dois
fenómenos, seria interessante questionar até que ponto a sua relação é mais que
concomitante. Até que ponto o enfraquecimento dos valores ocidentais devido à
pressão de valores exógenos, como os do Islão, está ligada à emergência deste
tipo de protagonistas políticos que, nesta noite em que todos os gatos são
pardos, encontram um caminho para a ribalta. O questionamento, porém, não deve
ficar por aqui. Há que interrogar se a própria emergência na agenda política
ocidental das reivindicações do fundamentalismo islâmico não estará ligada já à
degradação da elite política ocidental, uma degradação que não foi reconhecida
pelos eleitorados que, continuamente, foram sufragando políticos medíocres com
agendas políticas perigosas e irresponsáveis.
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