segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Pulsão suicidária

Albert Bloch, Suicide, 1911
Parece haver no Partido Comunista Português, nesta fase da sua existência, uma pulsão suicidária desmedida. Depois de lhe ter sido aberta a porta para se tornar parte de uma solução para o país, decidiu, em plena crise pandémica, sem que alguém, a não ser os seus dirigentes e quadros, compreendesse a razão e a pertinência, ajudar a derrubar o governo. Pagou, nas urnas, bem caro o gesto. Não contente com isso, embrulhou-se com a invasão russa da Ucrânia, ficando completamente isolado no país. Não apenas dos restantes partidos políticos, mas do cidadão comum, que sente uma indignação moral profunda perante a decisão do Kremlin. É verosímil que muitos dos que ainda votaram na CDU nas últimas eleições se sintam perplexos. Como é possível, perguntarão. O problema para o PCP é que a situação na Ucrânia é de tal modo chocante que dificilmente se lhe perdoará a atitude, contrariamente ao que tem acontecido com as suas posições sobre a Coreia do Norte, a Venezuela ou Cuba. Numa democracia liberal, cada um terá o direito a suicidar-se como bem entender.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.