sábado, 26 de fevereiro de 2022

Um tempo de Requiem

Arnulf Rainer, Croce, 1956
Um tempo de Requiem. O terrível que está a acontecer na Ucrânia assinala a morte tanto das regras internacionais que resultaram da segunda guerra mundial, como dos novos equilíbrios que emergiram com a queda do Muro de Berlim. Nada permanece. Enquanto houver homens, a história não pára, nem acaba. E a história não é outra coisa senão um cortejo de injustiças, dores, ajustes de contas e violências. Percebe-se bem que certos pensadores desejem abolir a história, chegar ao momento em que já não existe esse trabalho doloroso do negativo, mas o que a experiência tem mostrado é que isso não passa de pura ilusão. Haverá quem argumente de que não podemos justificar a conclusão de que o amanhã será também violento a partir de premissas radicadas na experiência do passado. Numa lógica dedutiva isso é verdade, mas não me parece existir melhor expectativa acerca dos homens do que aquela que diz que o amanhã será, apesar das diferentes figuras que a realidade assume, idêntico ao hoje.

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