domingo, 23 de abril de 2023

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Vincent van Gogh, Farmhouse in Nuenen, 1885

No teu celeiro não guardarás as horas
mas o frio que o teu gado comeu
Daniel Jonas
 
Não há celeiro ou armazém onde as horas se guardem. Não há despensa ou casa escura onde o tempo se possa empilhar. Ele é um fio feito de coisa nenhuma e desliza imparável entre os dedos impotentes de quem, numa ânsia maculada pelo terror ou no desejo de fugir da necessidade, se entrega ao frio e aos vendavais com a esperança de acumular horas e dias, depositá-los numa conta para que rendam juros num futuro que, na velocidade do que não sofre de perturbações, se aproxima com o hálito incerto para cobrir de geada os trabalhos e os dias.

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