São estas questões que, segundo os autores, alimentam os nacionais-populistas. Acrescentaria, um quinto D, que os autores não referem, embora tenham em conta algumas das suas vertentes. Desestruturação da rede de valores tradicionais que orientaram as comunidades, a perda de relevância da religião, a revolução nos costumes, nomeadamente na sexualidade, a supremacia do estético sobre a moral e o hedonismo. Estes quatro (ou cinco) fenómenos, contudo, são apenas sintomas de uma questão mais decisiva e que se prende com a natureza da política. O que está em jogo na política é a imortalidade do homem, compreendida como a persistência no tempo das comunidades humanas. A arte política visa assegurar que a comunidade tem um futuro. O nacional-populismo cresce porque existe em parte dos eleitores um sentimento de que a sua comunidade corre perigo de morte.
Todos os D
diagnosticam doenças que, combinadas, se tornarão mortais. A esta percepção (seja
real ou imaginária) não é estranha a pulsão liberal para substituir a política,
com a sua tensão entre amigos e inimigos, pela mera gestão das coisas. O
nacional-populismo é uma reacção à morte da política e manifesta-se como exploração
do sentimento de um fim próximo da comunidade política a que se pertence. As
forças democráticas erram se pensam que iludir as questões colocadas pelos
diversos D é um caminho para evitar o crescimento do populismo. Não é,
pois este enraizou-se numa questão decisiva da existência humana, a do futuro
da comunidade. O populismo colonizou o horizonte de expectativa. Resta saber
como os valores da democracia liberal e do estado de direito podem resistir
perante um inimigo que se se está a apoderar, com êxito crescente, apesar de
algumas derrotas significativas, do futuro.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.