Claude Gellée, Ulysses Returns Chryseis to Her Father, 1644 |
Estarei sempre do lado dos troianos, reafirmando
a pergunta essencial: que procuram os gregos?
Que querem eles sob o pretexto da devolução de Helena?
Luís Quintais
Será diferente aquilo que as hostes de Agamémnon e Menalau, filhos de Atreu, procuraram em Tróia daquilo que procurou Sócrates, séculos depois, em Atenas? Talvez a guerra, naqueles dias em que os inimigos se olhavam nos olhos, fosse uma forma de sabedoria, ou, melhor, um método de questionamento sobre si, sobre a sua verdade, o confronto com a sua alma, com a sua natureza. No fundo da consciência dos heróis gregos, existiria, quem sabe, uma difusa sensação de que Helena não era outra senão a própria Sophia que habitava dentro de cada um e que, no esforço imposto pela retórica do combate, se procurava, de forma tão decisiva quanto Sócrates a procurou nas suas deambulações pela cidade de Atenas, e que o conduziu, como a muitos dos heróis gregos em Tróia, à morte.
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