sábado, 10 de junho de 2023

A persistência da memória (24)

Alfred Stieglitz, Scurrying Home, 1895
Um ramo da árvore do passado cai diante de mim, interrompe-me o caminho, desvia-me os olhos dos perigos do presente ou das ânsias do futuro para os degraus do grande hotel do passado. Este chega em ondas, numa maré viva, cheia de imagens que crescem e se dissolvem na areia da atenção. Quantas vezes vi aquelas mulheres a caminharem apressadas para o lugar que as esperava, quantas vezes entrei naquela igreja para me resguardar do calor do dia ou do ruído da vida? Elas deslizam na floresta da eternidade. Entram numa memória e saem para outra, perfilam-se no horizonte como estátuas que o tempo não derrubará, imagens presas no altar de uma igreja perdida no caminho.

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