terça-feira, 6 de junho de 2023

Cardílio (24 sonetos) 16

Anónimo romano, A Poetisa

Lucernas, vidros, ânforas, pedaços

De vida esquecidos entre malvas,

Na poeira do campo, na memória

Tragada pelo tempo, no silêncio

 

Bravio de tanta morte. Nesta casa,

Habitaram mulheres, e ferozes

Dedos delas fizeram doce e terna

Habitação. Que nome seria o seu?

 

Procuro-o na cerâmica dos dias,

No mármore das noites, no Inverno

Do teu rosto aceso e sem nome.

 

Na planície, sinistras mãos vazias

Erram entre o cascalho abandonado.

Cantam como os loucos cantar sabem.


2007

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