sábado, 11 de outubro de 2025

Meditações melancólicas (96) Dissonância

Charles J. Martin, Storm Landscape with Railroad Tracks, 1929-1930
Uma paisagem tempestuosa, por crua e rude que seja, é sempre motivo de contemplação desinteressada. O espírito entrega-se a um jogo livre, embalado pelo temor do terrível e pela admiração do sublime. Descobre-se, então, numa meditação sobre as forças que irrompem do mundo natural, como elas lhe surgem ao espírito como benfazejas ou encarnações de um mal nebuloso, mas inescapável. O enlevo oferecido pelos jogos naturais termina quando descobre uma dissonância que destrói a paisagem, a presença de um aparato técnico humano, cuja finalidade lhe parecer ser, naquela hora, apenas a de suspender o terrível e destruir o sublime. 

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