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Paul Klee, Arrebato de miedo III, 1939 |
o nosso medo
não usa camisa e dormir
não tem olhos de coruja
não levanta a tampa
não apaga a vela
Zbigniew Herbert
Pior que os medos metafísicos são os terrores físicos. Não aqueles que vêm da deriva de uma biologia que perde o oriente e se entrega à música da dor ou à dança da morte. Há um terror que nasce do arbítrio do outro, daquele que, sem lhe ser concedido, tomou um estranho poder sobre as nossas vidas, dispondo do nosso corpo e do nosso tempo. O pior dos medos nasce no coração desse obscuro outro, da sua impotência, do negro pavor que o habita, do desejo de apaziguar a sua culpa lançando um lençol de perdição sobre a vida dos outros.
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