Edward Burne Jones, La mañana de la Resurrección, 1882
4. Domingo de Páscoa
As cinzas desvaneceram-se no cinzeiro da manhã.
Aberto, o túmulo era uma câmara de silêncio,
sitiado pela quieta radiação da música da aurora.
A erva renascida do pálido pavor da noite brilha
sob a floresta dilacerada dos raios solares. O mundo
rumoreja rotinas e os mortos repousam na sua morte.
Noli me tangere! A
vida ressurgida, imponderável,
uma lira de luz que os dedos não sabem dedilhar,
sementes lançadas no poroso pórtico do futuro.
De tudo isso, fizeram páginas do livro de História,
sereias cantantes de promessas e equívocos, ramos
de flores presas à prosa que mancha a alvura do dia.
Que faremos nós, tão tardios, dessa vida ressurecta?
Cegos, caminhamos no oceano da cegueira e
cantamos esquecidos do silêncio do túmulo vazio.
Março, 2018
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