Hans Holbein the Younger, The Body of the Dead Christ in the Tomb (c. 1521)
3. Sábado de Aleluia
O espírito desce e descansa na pedra porosa do túmulo.
Longas e negras as horas para que as chagas cirzam
e da terra, ressurecta, a giesta cresça para a Primavera.
O dia corre, arrasta consigo a espuma da misericórdia,
promete a grande tempestade, folhas bravas caídas
da árvore tecida pelas lâmpadas do bem e do mal.
Sinos silenciam-se no temor da tarde, estremece o lódão,
abre os ramos nus para a respiração divina e espera
que as alfaias da vida sulquem a terra dura da morte.
O sono arde na escuridão das pálpebras e o pneuma
desliza nos meandros das trevas, esgueira-se na morada
do fogo e escuta na artéria do silêncio o gemido da dor.
Folhas de púrpura elevam-se, são diamantes no céu,
nuvens a sibilar sobre a fortaleza cercada pelo vendaval.
Absorto no jardim, o anjo da história canta hallelu Yah.
Março, 2018
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