A recente prisão de Carles Puigdemont veio tornar ainda mais
patente a incomodidade que a questão catalã coloca. A perseguição aos independentistas
é legal. No entanto, nem tudo o que é legal é moral. A posição do governo
espanhol, da justiça espanhola e do Rei de Espanha é imoral, isto
independentemente do que se possa pensar de Puigdemont. E é imoral não porque a
Catalunha tenha de ser independente, mas porque a constituição espanhola
impede, através da violência legítima, que as diversas nacionalidades se possam
exprimir livremente se querem ou não permanecer unidas a Madrid.
O mais provável é que se aos habitantes da Catalunha fosse
permitido escolher, os independentistas teriam uma derrota, como aliás
aconteceria noutras regiões espanholas onde o espírito nacionalista é vivo.
Aquilo que na Grã Bretanha, com as pretensões escocesas à independência, foi
resolvido sem qualquer drama, pois os escoceses escolheram o que entenderam, em
Espanha dá origem ao triste espectáculo a que assistimos, com acusações segundo
leis anacrónicas numa democracia. Não interessa aqui se se é favorável à
independência da Catalunha ou não. Isso é um problema dos catalães. Enquanto a
constituição espanhola não permitir a estes pronunciarem-se directa e
livremente, Espanha estará sempre mais próxima da Turquia, onde os curdos estão
subjugados pelo poder de Ancara, do que da Inglaterra. Um anacronismo da ordenação jurídica espanhola tão grande quanto o nacionalismo catalão.
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