BRUNO LAGE. O
actual treinador do Benfica é, justamente, louvado pelo que fez no campo
desportivo. Se o Benfica é campeão deve-o a Bruno Lage. Quero, porém, louvá-lo
por outra coisa. Não apenas pela humildade e gratidão que ostentou, mas pelas
palavras que disse sobre o país. O futebol é importante, mas há coisas mais
importantes que o futebol. É preciso que o entusiasmo que as pessoas têm com o
futebol o tenham com essas coisas. O apelo à civilidade nos festejos e no
tratamento dos adversários talvez tenham caído em saco roto, mas mostram que
Bruno Lage sabe que um país decente e uma vida civilizada são mais decisivos
que os acasos do pontapé na bola. Seria bom que fosse escutado.
PRIVATIZAÇÕES.
António Barreto descobriu que “as privatizações e as reprivatizações que
moldaram a política e a economia das duas últimas décadas” contribuíram para o
enfraquecimento do Estado democrático. No entanto, continua a acreditar no Pai
Natal, a crer que foram feitas “pelas boas razões, por espíritos liberais,
concebidas para libertar a sociedade e a economia”. Meu Deus, como é que tantos
espíritos liberais e bondosos foram tão cegos? Como é que ninguém, tão
iluminado, viu que as ricas empresas iriam ser devoradas e, em grande parte,
aniquiladas? Ninguém conhecia a história devorista do capitalismo português?
Ninguém conhecia os grupos estrangeiros a que se venderam os bens nacionais?
Sim, o Pai Natal existe.
COMENDAS. Anda
tudo num virote por causa do senhor Joe Berardo e do seu comportamento na
Assembleia da República. Agora querem descondecorá-lo. Ora o problema não está
em Berardo, mas nos critérios que conduziram há muito a julgar que os homens de
dinheiro são o modelo que se deve oferecer à emulação da sociedade. Muitos dos
condecorados fazem parte daquilo a que se chama crony capitalismo, um capitalismo clientelar cujo sucesso depende
da relação com o poder político. Durante todo o século XX e no XXI, o
capitalismo português não foi outra coisa senão um capitalismo clientelar, que
o Estado apadrinhou e a cujos corifeus distribuiu, a torto e a direito,
comendas.
EUROPEIAS. Por
estranho que possa parecer aos portugueses, as eleições europeias são muito
importantes. Parte significativa da nossa vida é regulada no Parlamento
europeu. Não são indiferentes os deputados que elegemos. Por outro lado, a
abstenção será sempre interpretada como desinteresse dos eleitores pela União
Europeia. Será que nós portugueses nos podemos dar ao luxo de desprezarmos a
União? Já imaginou o que seria Portugal sem a União Europeia? Domingo é dia de
eleições, o melhor é ir votar.
[A minha crónica no Jornal Torrejano]
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