quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

A Casa Esquecida 3

Antonio Tápies, Composición, 1946

Uma cidade de brancura e sal espera-nos.
Que sabemos nós de outras gerações,
traições mais antigas, a indolência do espaço,
a leveza do centro incendiado do teu corpo,
tão trémulo, tão aberto pela secura das mãos.
Póstumas, presas na âncora da morte.

Para lá desta janela não somos. A tristeza
dos cedros, dos olhos na força da cúpula,
no cântico azul da tua alma. Olho a água e
estremeço: que tempo nos deu este caminho,
onde o abrigo para as noites de inverno,
os corpos a cantar na luz do próprio lume?

(1981)

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