quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Regionalização, Espírito do Tempo e a bílis de Rui Rio


Regionalização. A regionalização é uma excelente ideia. O problema, porém, é que estamos em Portugal – e no sul da Europa – o que pode transformar uma coisa boa, num grande problema. Regionalizar o país significaria criar cinco feudos onde se instalaria um pessoal político pouco dado à frugalidade. Poderia mesmo acontecer que obscuras ilusões autonómicas se desenhassem na cabeça de alguns. A centralização em Portugal não nasceu do nada, mas da necessidade de manter a coesão do Reino. Por outro lado, se, por um milagre, um referendo ditasse a vitória da regionalização, em pouco tempo o crescimento do pessoal político acabaria por intensificar o mal-estar dentro do regime democrático. O Presidente da República afirma que dará luz verde ao referendo. Esperemos que os portugueses, por seu lado, dêem luz vermelha à ideia de regionalizar.

Espírito do tempo. Quem lidou com a filosofia do idealismo alemão conhece bem o conceito de Zeitgeist, o espírito do tempo. O palavrão germânico significa, em linhas gerais, um certo clima intelectual, cultural e social, uma maneira de interpretar o que acontece. Isto vem a propósito de terem ocorrido em 11 e 12 de Dezembro os congressos da Iniciativa Liberal e do Livre. Ambos os partidos elegeram um deputado nas últimas eleições. Quem consultar os jornais e os sites noticiosos descobrirá referência séria apenas à Iniciativa Liberal. Isso deve-se ao tal Zeitgeist. O espírito do tempo gosta daquele punhado de rapazes e – presumo – de raparigas que se dizem liberais e está a fazer com eles o que fez com o Bloco de Esquerda, dar-lhes tempo de antena. O Cotrim Figueiredo veste bem, já o Rui Tavares parece vestir-se de forma inadequada. O Zeitgeist é impiedoso com a forma como as pessoas se vestem.

O azar de Rendeiro e o de Rio. Rui Rio acha que a Polícia Judiciária se move pelo calendário eleitoral. Não houvesse eleições, e Rendeiro poderia estar descansado. Mesmo que Rio pensasse isto, não o deveria dizer. Em primeiro lugar, porque a acção da Polícia Judiciária é das poucas coisas que correram bem em todo este processo. Em segundo lugar, porque todo o aparelho de segurança – forças armadas e polícias – e toda a estrutura judicial são sectores muito sensíveis do funcionamento de uma comunidade. O interesse do país manda que aqueles que o querem governar evitem este tipo de comentários. Rui Rio despiu a pele de candidato a primeiro-ministro e vestiu a de cidadão que descarrega a bílis enquanto bebe uma cerveja. Um azar para Rui Rio ter a bílis perto da boca.

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