sábado, 26 de março de 2022

A persistência da memória (10)

Bernard Eilers, Amsterdão, 1920

Um século atrás ainda as cidades eram pouco mais do que uma espécie de excrescência da harmonia dos campos, onde a vida apressada era vivida à velocidade da tracção animal, não muito diferente do que seria há séculos ou milénios. O demónio da mobilidade já as habitava, mas ainda não ganhara coragem para se manifestar de forma decisiva e tornar a vida citadina numa ebulição contínua, num nunca parar da azáfama que envolve os homens num torvelinho, girando continuamente sobre si, cada vez mais rapidamente, expulsando-os um a um para o lugar de onde não há retorno.

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