Giorgio de Chirico, Gladiadores y león, 1927 |
Uma guerra metafísica pela salvação humana, assim considera Cirilo, patriarca de Moscovo e líder da Igreja Ortodoxa Russa (ver aqui), a invasão da Ucrânia. Como se vê, não é apenas no mundo islâmico que a guerra é vista como um meio de salvação e de fazer frente aos infiéis. O pior é que Cirilo e Putin estão completamente alinhados. Não se trata de ocupar um país soberano, mas de salvar o mundo, libertá-lo dos perigosos valores ocidentais. Esta resistência aos valores ocidentais e a defesa dos valores tradicionais russos estão, inclusive, plasmadas na Nova Estratégia de Segurança Nacional da Rússia. Quando as guerras são por motivos económicos, a sensatez chega mais cedo. Quando são desencadeadas pela loucura de salvar a humanidade ou para proteger a pureza de uma suposta tradição, há que esperar o pior. E o pior começa com a mobilização de uma religião, cujo fundador deu a sua vida em nome da salvação dos homens. Deu a sua, não a dos outros. Ao patriarca Cirilo não o incomoda que o sacrifício não seja o seu, mas o de milhares de inocentes.
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