Será que crescimento, no âmbito da economia capitalista, e combate às alterações climáticas são compatíveis? Em abstracto, não existe incompatibilidade entre uma coisa e outra. Os mercados movem-se segundo os interesses dos consumidores. Se estes passarem a comprar apenas o que não tem efeitos nefastos para o ambiente, então as empresas reorientam os seus produtos para satisfazer os compradores. Poder-se-á ainda acrescentar que a economia de mercado possui uma grande plasticidade e capacidade de adaptação à realidade. Contrariamente às economias planificadas, dependentes da burocracia e de decisões centrais, a economia de mercado age, ao mesmo tempo, aos níveis global e local, sendo a tomada de decisão completamente descentralizada ou, melhor, centrada nas empresas que estão no mercado e são sensíveis às suas flutuações. Contudo, esta visão enfrenta pelo menos três objecções.
Em primeiro
lugar, os interesses das grandes multinacionais ligadas aos combustíveis
fósseis e dos países cuja economia depende da sua exploração. Tanto uns como
outros são demasiado poderosos e querem tudo menos uma transformação verde. Em
segundo lugar, a inovação tecnológica, apesar de pujante e com grande
capacidade de crescimento, não parece ser suficientemente rápida para permitir
compatibilizar crescimento económico e protecção ambiental. Por fim, os
próprios consumidores são pouco sensíveis à defesa do ambiente, se isso
implicar uma alteração dos seus hábitos. O ideal seria um pujante capitalismo
verde, num ambiente político de democracia liberal, com alguma regulação
estatal, tal como defende Terzi. A realidade, porém, poderá ser bem menos
agradável, uma miscelânea de catástrofes, conflitos e crescimento dos Estados
autoritários.
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