William Henry Fox Talbot, Oxford High Street, 1845 |
Um dos efeitos mais poderosos da passagem do tempo é o de tornar o passado numa coisa perfeita. Aquilo que no presente nos incomoda não encontra paralelo no tempo que passou, nesses momentos que não se viveram, mas que surgem perante a consciência despidos de contrariedades. A memória, mesmo a colectiva, tende a rasurar tudo o que foi contratempo, desventura, dor lancinante. Resta aquilo que parece bom, destilando no coração uma doce melancolia, um desejo de se transportar para essas horas em que tudo era perfeito. Esta ilusão é o território onde a consciência exausta encontra um lugar para, submersa na fantasia, descansar da dureza da realidade, da imperfeição dos dias, da maldade que a vida sempre mistura no labor de cada hora.
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