Alfred Stieglitz, Watching for the Return, 1896 |
A configuração dos lugares, o modo como as pessoas se vestem, até a forma como utilizam a linguagem e dispõem os gestos, tudo isso pode estar submetido a uma invariável lei da metamorfose, que, ao olhar superficial, faz perceber um mundo composto por contínuas e radicais mudanças, como se o passado fosse sempre um país estrangeiro. Se o olhar se demora e se a memória se cultiva, então descobre-se que, para além do que se altera, existem padrões que não variam. Esperar o regresso dos que partiram, cultivar no coração a ânsia para que quem se ausentou volte são e salvo, suportar a demora da chegada, tudo isso está inscrito numa memória que vem de longe, de muito longe, e que persiste para além, muito para além, dos acidentes que geram a ilusão da mudança e a fantasia da metamorfose.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.