Miguel Branco, Sem Título (Pequena figura sobre fundo verde), 1999 (aqui) |
Como de súbito na vida tudo cansa!
e cansa-nos a vida e nos cansamos dela
ou ela é quem se cansa de nós mesmos
Jorge de Sena
Quando dizemos vida nem damos conta de que uma palavra tão simples e de uso corrente tem tantas camadas de sentido que não é possível estarmos certos do que dizemos ao proferi-la. Recorremos a estratégias ingénuas para a circunscrever. Opomos vida e morte. Distinguimos vida verdadeira do simulacro onde se dá uma vida falsa. Contra a vida inautêntica, proclamamos a vida genuína. Porém, ela escapa-nos sempre. Associar à vida o cansaço, seja o nosso com aquilo que ela traz, seja com a própria vida, seja o dela connosco, não é mais do que confessar que ainda não sabemos o que ela é, e que nos tornámos incapazes de suportar as mil metamorfoses com que se manifesta em si, ou diante de nós ou em nós.
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