Mário Cesariny, Naniôra – Uma e duas, 1960 (aqui) |
Uma certa quantidade de gente à procura
de gente à procura de uma certa quantidade
Mário Cesariny
Imagine-se que foi da escassez, de uma escassez estreme, sem interrupções pela vinda de cornucópias de abundância, que nasceu, primeiro, a necessidade, depois, o prazer pela quantidade. Esta instalou-se, em primeiro lugar, no abdómen, invadiu o peito, alojou-se no coração e protege-se no fundo do cérebro. Os homens são máquinas submissas à quantidade, jogam, presos a uma aritmética rudimentar, ao jogo da soma, mas preferem, mais do que qualquer outra coisa, o da multiplicação. Se o vírus da qualidade os toca, adoecem gravemente. Curam-se, se essa qualidade puder ser submetida ao império da multiplicação. São homens, dizem os outros animais. São homens, concordam os anjos.
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