quinta-feira, 21 de setembro de 2023

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Max Beckmann, Ice on the River, 1923

Mil neuf vent vingt-trois : Pourquoi écrire, poète?
Pour confesser les manquements dont nous sommes rendus coupables.
Hermann Broch

Uma confissão - religiosa ou jurídica - seria suficiente para faltas de que fôssemos plenamente culpados, mas só uma confissão poética pode trazer à luz essas falhas de que nos tornámos culpados, embora elas não tenham nascido de uma decisão nossa, não sejam fruto do livre-arbítrio. São falhas constitutivas, dizem respeito ao que somos, e o que somos depende da herança que recebemos. O poético é então o caminho em que nos apropriamos do que em nós é estranho, do mal que nos constitui e que deve ser poeticamente confessado como próprio. Escrever, escrever poesia, será então a longa confissão da falibilidade de cada um, o reconhecimento do peso da sua herança.

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