O problema da segurança interna não reside em termo-nos transformado num país inseguro. A insegurança nasce do comportamento das próprias forças de segurança, do seu afrontamento ao poder político legitimamente constituído. O caso da manifestação perante o Capitólio, no dia do debate entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro, foi o sinal decisivo de que a autoridade do Estado está a ser escavada, politicamente escavada. Também a ameaça dos militares entrarem em protestos é um inadmissível desafio à ordem constitucional e à segurança interna. Pode-se compreender que polícias e militares estejam descontentes com as suas remunerações, o que não os diferencia da restante função pública. O que não se compreende é o desafio à autoridade do Estado daqueles que têm a função de velar por ela.
Os
desenvolvimentos geopolíticos trazidos pela invasão da Ucrânia e a possível
vitória de Donald Trump nas eleições de Novembro, nos EUA, estão a pôr em causa
os fundamentos da defesa externa de Portugal, assente na NATO. O fim da NATO,
ou uma versão desta sem empenho dos EUA, tornará toda a Europa, Portugal
incluído, um alvo apetecível de potências inimigas, mesmo daquelas que estão em
silêncio, contidas pela existência da NATO. Que papel, por exemplo, seria o da
Turquia num mundo sem a NATO, a que ela pertence? Que pretensões poderia
acalentar? A questão da segurança externa, aliado à da segurança interna, é o
principal problema que o país enfrenta e não a questão das pensões, dos
salários, dos impostos. Discutir o futuro das Forças Armadas e o da afronta à
ordem pública e constitucional são assuntos vitais para o país, mas aqueles que
querem governar preferem ignorá-las, pois escaldam e não dão votos. Preferem os
jogos florais e a tômbola das promessas.
P.S. O artigo foi escrito ainda antes de Pedro Passos Coelho ter estabelecido relação entre imigração e insegurança, contribuindo desse modo para o crescimento da insegurança.
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