Bartolomeu Cid dos Santos, Velhos guerreiros tentando iludir o medo (Gulbenkian) |
A certa altura da entrevista dada hoje ao Público, a escritora Hélia Correia fala do medo, do medo que a invadiu ao escrever um dos seus contos. Diz "Agora tenho um medo muito concreto - temos todos, ou quase todos, creio". A jornalista pergunta-lhe: "Refere-se à emergência de fascismos, da violência de multidões arrastadas por ideologias extremistas?" "Sim. As multidões cegas destroem tudo à sua passagem. É uma espécie de alucinação, porque é sempre um processo muito pouco racional." Em poucas palavras Hélia Correia expressa o que está em causa nesta onda de populismos, a alucinação. Veja-se o caso do Chega em Portugal. O crescimento vertiginoso nas sondagens é o resultado de uma alucinação. Tem propostas coerentes para governar Portugal? Não. Os seus membros e dirigentes têm um comportamento razoável nas instituições? Não. André Ventura pode dizer de manhã uma coisa e à tarde o seu contrário, sem que isso afecte à atracção que exerce? Pode. Há uma cegueira nas pessoas que não querem ver aquilo que é visível ali. Vêem o que não está lá. É uma forma de alucinação colectiva. Não é a primeira que ocorre. Da alucinação à destruição de tudo o que importa é um passo, talvez mais pequeno do que se imagina.
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