Mark Wallinger, School - Classroom, 1990 |
No passado fim-de-semana, foram publicados por diversos órgãos de comunicação social os denominados rankings das escolas, onde se comparam os desempenhos dos estabelecimentos de ensino, a partir dos resultados dos exames nacionais e da provas finais do 9.º ano. Ora, talvez em busca de diferenciação, cada órgão trata os dados recebidos do Ministério da Educação como lhe apetece e isso conduz a coisas bizarras como escolas que num ranking estão atrás de outras, surjam noutro ranking à frente. Se compararmos os rankings do Público e do Expresso descobrimos que operam a partir de critérios bem distintos. No ensino secundário, o Público só toma em consideração as classificações das oito disciplinas com mais alunos inscritos, enquanto o Expresso considera todas as provas realizadas, o que é mais sensato. No ensino básico, onde só existem provas de Português e de Matemática, o Público organiza o ranking a partir das médias dos níveis (de 1 a 5, onde cada nível corresponde a determinada pontuação entre 0 e 100), enquanto o Expresso organiza-o pela pontuação obtida pelos alunos nas provas, o que também é mais ajustado à realidade.
Num concelho pequeno, como o de Torres Novas, isto tem efeitos hilariantes. No ranking do Público, a Escola Artur Gonçalves surge à frente da Escola Maria Lamas tanto no ensino secundário como no básico. Contudo, no ranking do Expresso, a Escola Maria Lamas surge à frente da Escola Artur Gonçalves tanto no secundário como no básico.
O Ministério de Educação recusa-se, por uma questão ideológica, a organizar os rankings com os resultados das avaliações externas e cede os dados para a comunicação social a organizar como entender. Seria mais sensato, todavia, que o Ministério da Educação organizasse ele próprio um ranking dos resultados, onde todas as provas feitas pelos alunos fossem consideradas. E poderia, com a informação que detém, organizar a informação tendo em conta os dados de contexto. Há quem defenda que não se podem comparar desempenhos entre escolas privadas e públicas, pois os seus alunos pertencem a realidades sociais muito distintas. Ora, é precisamente por causa da diferença de realidades sociais de partida que é importante comparar, de forma fiável, os resultados. Estes dão-nos a medida da desigualdade que a escola pública não está a conseguir combater.
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