Edvard Munch, Claro de luna, 1895 |
Grassa
a noite na flecha do silêncio.
A
mão seca curva-se
ao
trabalho nocturno do astro.
Preso
ao centro da árvore,
um
braço vegetal ergue-se
para
a escassa poeira das ruas.
A
Lua é uma flor plantada no deserto,
o
cacto preso no firmamento,
luz
evaporada no silvo da Terra.
Vai
o satélite em seu caminho,
toca
o azul no coração dos homens,
abre
as horas inocentes da manhã
às
asas febris do tempo.
Um
insecto, urdido no fogo,
vem
pela sombra lunar,
cera
e seda no suplício da cidade.
Sob
a copa do coração,
a
Lua desenha paisagens de pavor.
Preso
à leveza do archote,
o
senhor da terra ergue o dia
no
vitríolo da voz.
Lavra
o vento no esquecimento lunar,
conta
os olhos dos homens,
as
pálpebras acariciando o fogo,
o
suor enluarado da face.
Um
comércio de luz vende luas
nas
pétalas perdidas de uma rosa.
Maio de 1993
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