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George Hoyningen-Huene, Divers, Paris, 1930 |
- O que está a ver?
- Nada.
- Ah. Está tão concentrado no horizonte.
- O horizonte fascina-me.
- Alguma razão específica para tanto fascínio.
- Sim. O simples facto de ser uma linha.
- A linha do horizonte.
- Claro, a linha do horizonte.
- E o que tem ela de tão fascinante?
- Não sei.
- Não sabe?
- Não. Não consigo ver mais do que a linha.
- E isso é fascinante?
- Nem por isso.
- Não percebo.
- Falta de treino. Talvez falta de imaginação.
- Tornei-me sua inimiga, para me acusar de não saber fantasiar?
- Não se trata de inimizade.
- Então?
- Apenas a constatação de que os seus limites morrem na linha do
horizonte.
- E os seus?
- Os meus vão bem para lá dela.
- E o que vê?
- A linha do horizonte.
- Pensava que via para além dela.
- Gostava de ver, mas a linha cega-me.
- Sim, eu já sabia que estava cego.
- Porquê?
- Porque nem a mim me vê.
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