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August Sander, Village Schoolteacher, 1921 |
O modesto professor de aldeia pousa para o futuro, para que a sua imagem não se desvaneça com o passar dos anos; não sabe, porém, que tudo nele já pertence ao passado. O fato lembra a farda militar, e toda a sua autoridade repousa na encenação de uma marcialidade que, com o passar dos anos, a sociedade vai recusar. A confiança que exibe repousa na ignorância, na certeza de que tudo permanecerá como é. Ao dar-se à objectiva do fotógrafo, exibe a crença na imobilidade do tempo, como se o momento que a fotografia solidifica para a eternidade pudesse contaminar o fotografado e o seu ambiente. Sem esta crença, talvez lhe fosse impossível entrar numa sala de aula, enfrentar as crianças e ensinar-lhes a ler, escrever e contar, imaginando assim que também elas, pelo seu ensino, entrarão na grande barcaça da eternidade, quando, na verdade, estão a mergulhar no rio encapelado do tempo.
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