Heinrich Hoffmann - Hitler at a Nazy Party Rally (1934)
Um
estudo efectuado na Colômbia, no âmbito das neurociências e da psicologia e
tendo por objecto 66 terroristas paramilitares, mostrou que estes sofrem de um
problema de "cognição moral". Orientam a sua acção pelos fins, não
olhando a meios (ver aqui). O artigo parece, de forma surpreendente, suportar a ideia
platónica de que a conduta não moral se deverá ao não conhecimento do bem. Não
é, porém, o debate filosófico que pretendo sublinhar. A questão é outra e
resume-se a uma interrogação. Até onde iriam aqueles que lutam para alcançar o
poder político ou para o manter, caso não existissem formas de limitar a sua
conduta? Os casos extremos, como o terrorismo ou os regimes totalitários,
iluminam-nos quanto à natureza do poder. Ele é o fim que justifica todos os
meios para o alcançar e manter. E o poder democrático não será ele diferente?
Não e sim. Mesmo democrático, o poder não deixa de ser um fim que justifica
todos os meios. O que muda é a capacidade da sociedade civil e dos cidadãos,
através do direito e da livre opinião, em obrigar os agentes políticos a uma
conduta moralmente aceitável. A sociedade dotou-se de um conjunto de
dispositivos que limitam a lógica da luta pelo poder, o obrigam a civilizar-se e a respeitar padrões éticos, cuja infracção os poderá afastar do poder. Do ponto de vista dos
cidadãos, o mais importante não é se os políticos são ou não moralmente bons. O
importante é que os mecanismos sociais que regulam a luta pelo poder obriguem os
políticos a um comportamento eticamente aceitável. Quando estes mecanismos
falham, sabemos por uma longa experiência - seja do terrorismo ou dos estados
totalitários - que apenas se poderá esperar o pior.
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