Voltamos à face oculta da alma pátria. Como José Afonso,
Adriano Correia de Oliveira chega à canção de intervenção pela mediação do fado
de Coimbra. Entre 1960 e 1962, grava quatro EP's (discos com 4 faixas), todos
eles dedicados à canção de Coimbra. A sua orientação como cantor de intervenção
surge de forma nítida no quinto EP, editado no ano de 1963, Trova do Vento que Passa, onde todos os
poemas cantados são de Manuel Alegre. Consta que foi um grande êxito comercial.
A versão cantada da Trova do Vento que
passa é apenas um pequeno excerto de um poema longo pertencente ao ciclo Praça da Canção. Há sempre alguém que
semeia / canções no vento que passa, diz o poema de Alegre. Uma confissão, ao
mesmo tempo, da esperança e da impotência que habitava o coração dos
oposicionistas naqueles dias já tão longínquos. Interessante na música
portuguesa é o paradoxo de o sebastianismo e a saudade, manifestações
ideológicas conectadas com a direita, terem encontrado as suas mais autênticas
vozes em cantores de intervenção, como Luís Cília, José Afonso e Adriano
Correia de Oliveira.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.