Manifestação em Haymarket, Chicago, Maio de 1886
Os acontecimentos (ver aqui e aqui) que conduziram à celebração do 1.º de Maio possuem no seu cerne uma reivindicação que, apesar de continuamente referida, acaba por se ocultar no acto da referência e na forma como esta é lida. A exigência da jornada de trabalho de oito horas é muito menos um problema laboral e muito mais uma questão civilizacional. O que está em jogo é o tempo, a matéria efectiva da vida, e a possibilidade de cada um fazer com o tempo aquilo que entender, para além de responder às necessidades que a condição humana impõe. Para lá das leituras políticas que se fazem do 1.º de Maio, sejam revolucionárias ou reformistas, há algo muito mais importante: a necessidade dos homens se libertarem do trabalho, da submissão à pura necessidade, de poderem gerir o tempo que lhes foi concedido. É nesta afirmação da libertação da submissão à necessidade representada pelo trabalho que o 1.º de Maio encontra um significado universal que vai muito para lá da questão de classe e da luta de classe. Faz parte do processo civilizacional que visa libertar os seres humanos, todos eles, da submissão à natureza, à sua própria natureza.
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