Ara Güler - Edirne, Turkey, 1956
Não faço ideia o que está escrito na parede, portanto não foi a comunicação que me atraiu mal vi esta fotografia de Ara Güler. Poder-se-ia argumentar que o fascínio deriva de uma emoção estética originada numa certa combinação de linhas e formas, as quais casam com a ausência de cor. Será verdade, mas não toda a verdade. Há na foto uma revelação sobre a própria natureza humana. Educados para valorizar a humanidade e, nesta, a individualidade manifestada na singularidade dos rostos ou dos corpos, deparamo-nos com uma outra leitura tanto da humanidade como da individualidade. Não há rostos singulares nem, propriamente, seres humanos, apenas duas silhuetas perante um cenário esmagador. E esta revelação - a de que não passamos de silhuetas perdidas numa paisagem incomensurável - é causa suficiente para explicar o fascínio exercido pela foto de Ara Güler. Perante ela somos reconduzidos à nossa finitude e irrelevância, isto é, à nossa verdade.
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