Karola Pęcherskiego - Warszawa, 1948
Ruínas como a da fotografia têm o condão de nos mostrar que, por vezes, o tempo - ou a nossa percepção do tempo fundada na mudança - acelera, destruindo um mundo e libertando outro que permanecia oculto, disfarçado pelo trabalho diário de recomposição dos efeitos da passagem do tempo. As catástrofes - produzidas pela natureza ou pelo homem - são dolorosos aceleradores temporais, reduzindo a escombros o que parecia, ao olhar incauto, eterno. Uma parte substancial da vida dos homens é gasta em operações plásticas do mundo em que vive, um disfarçar de rugas, tentativas desesperadas de manter aquilo que está condenado a perecer. O interessante nesse esforço não é o resultado mas o prazer com que é praticado. Esse prazer, nunca saciado, é, ao mesmo tempo, o efeito do fascínio da memória do passado sobre a vida do presente e resultado do desejo de eternidade com que a natureza dotou o coração da nossa espécie contra todas as evidências empíricas. É longo e inextinguível o conflito do Homem com o tempo.
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