Eugene Delacroix - Grecia moribunda en las ruinas de Missolonghi
A consagração definitiva da política do actual governo foi dada, quem diria, pelo senhor Schäuble na analogia - uma analogia um bocado pífia, diga-se - que estabeleceu entre Mário Centeno e Cristiano Ronaldo (ver aqui). Parece inegável o mérito de Centeno e, por maioria de razões, de António Costa no que se tem passado. No entanto, como os socialistas não governam apenas apoiados em si mesmos, esse mérito terá de ser repartido pelos partidos à sua esquerda. O grande enigma de tudo o que se está a passar reside na atitude do BE e do PCP. Ter-se-ão convertido ao consenso? Seja qual for a resposta, a verdade é que eles têm, pela sua moderação e pela sua sensatez, dado credibilidade à presente solução política. Haverá, por certo, várias razões para isso. Gostaria, contudo, de destacar uma. Se ela não é a principal causa desta moderação é uma das principais. Essa causa tem um nome, aliás um nome nobre: Grécia. A experiência grega com as peripécias em torno do Syriza foram uma lição para toda a esquerda. As utopias morreram com o despedimento de Varoufakis, a responsabilidade pela governação e a capitulação perante as regras da União Europeia e do Euro. Os partidos à esquerda do PS terão percebido a mensagem e optaram por uma política que favorecesse, dentro dos limites do possível, os seus eleitorados em vez da fidelidade aos princípios ideológicos e aventuras - a saída do Euro, por exemplo - cujas consequências ninguém sabe quais serão e que a maioria dos portugueses pensa serem catastróficas. Tudo isto graças à Grécia. Sem o exemplo grego, nem este governo teria sido possível.
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