Leonardo da Vinci - Vitruvian man
Há em todos nós – talvez esta generalização não seja
precipitada – um persistente e melancólico desejo de que os outros sejam
melhores. Mais civilizados, mais honestos, mais atenciosos, mais competentes.
Nunca as qualidades e as virtudes dos outros, por maiores que sejam, são
suficientes para fazer esquecer a sombra viciosa que os toca aos nossos olhos.
Este desejo de perfeição do outro não hesita em tomar palavra e desdobrar-se em
textos e proclamações orais. A contrapartida disto não é menos interessante.
Olhamos para nós, quando o fazemos, e o desejo de perfeição cessa. Os nossos
vícios são, aliás e sabiamente, virtudes. É uma dupla graça que recebemos de
Deus. Não só nos dotou com um olhar agudo com que perscrutamos o vício alheio como,
ao criar-nos à sua imagem e semelhança, não se esqueceu, ao contrário do que
aconteceu com os outros, de derramar em nós a sua ilimitada perfeição. Não há
nada como um Deus pessoal, pensamos gratos.
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