Charles Clifford, Cathedral, Torre del Oro and Guadalquivir River, Seville, Spain, 1862 |
Ouvia o rumorejar das águas ao serem sulcadas pelo casco, um barulho ao longe, uma promessa de irrealidade que a consciência não conseguia fixar. O calor da noite não desmentia o Verão feroz que assola aquelas paragens. Como uma memória muito antiga, assaltava-me o nome do rio. Guadalquivir, Guadalquivir. Sentia o peso da história e as vezes que ali naveguei. Depois, as águas incendiaram-se e em pleno rio as embarcações combatiam-se, com um zelo inesperado e um poder de fogo improvável para barcos daquela dimensão. O meu foi atingido e vi-me a nadar num leito em chamas. Acordei ao chegar à margem, um raio de sol entrava no quarto e da janela do hotel via as águas serenas do Guadalquivir a deslizarem na paz da manhã.
Belíssimo texto.
ResponderEliminarUm abraço
Muito obrigado.
EliminarAbraço