quarta-feira, 25 de março de 2020

Sonhos numa noite de Verão 20

Charles Clifford, Cathedral, Torre del Oro and Guadalquivir River, Seville, Spain, 1862
Ouvia o rumorejar das águas ao serem sulcadas pelo casco, um barulho ao longe, uma promessa de irrealidade que a consciência não conseguia fixar. O calor da noite não desmentia o Verão feroz que assola aquelas paragens. Como uma memória muito antiga, assaltava-me o nome do rio. Guadalquivir, Guadalquivir. Sentia o peso da história e as vezes que ali naveguei. Depois, as águas incendiaram-se e em pleno rio as embarcações combatiam-se, com um zelo inesperado e um poder de fogo improvável para barcos daquela dimensão. O meu foi atingido e vi-me a nadar num leito em chamas. Acordei ao chegar à margem, um raio de sol entrava no quarto e da janela do hotel via as águas serenas do Guadalquivir a deslizarem na paz da manhã.

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