Gerardo Rueda, Verde, 1961 |
São dias de maré. As planícies a
arder na loucura,
o veredicto trazido pela cambraia
das estações.
Inútil a cara sobre o lençol, os
músculos abertos
para a praia juncada pelas algas
do esquecimento.
Como será a luz das tuas mãos na
luz de Setembro?
O coração estará longe, perdido na
poalha do dia,
entre aniversários, amigos de copo
na mão, gente
sem a urgência de chegar ou partir,
sem a ânsia
de uma carta ou das canções que te
ouvia
se cantavas debaixo de um céu de
cinza e gaivotas.
Esqueço-me da verdade no desvario
da sombra
que há nos cabelos ao caírem-te
pelos ombros.
Esqueço-me do vinho a transbordar
no copo vazio
de um corpo ferido pela harmonia
de outro.
Esqueço-me do mar no sonho dos
teus segredos.
(1981)
Belíssimo.
ResponderEliminarAbraço
Obrigadíssimo.
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