George Platt Lynes, Crossed Arms, 1941 |
Nunca foi tão importante para aqueles que estão, de algum modo, no teatro de operações do combate à pandemia que os outros se mantenham em casa. Para estes, estar de braços cruzados é uma forma de acção, a mais importante das acções. Cruzar os braços e lavar as mãos tornaram-se sinais com sentidos opostos aos que estávamos habituados. Os tempos são tão extraordinárias que a própria semântica está a ser abalada e invertida. Cruzam-se os braços e lavam-se as mãos não se porque se seja indiferente, mas porque não se é. Ao cruzarem-se os braços não se desiste, mas persiste-se, à espera que a velha semântica recupere os seus direitos e restabeleça os sinais na antiga ordem de significação.
Anos a pedir acção das pessoas e todos de braços cruzados e agora a ironia de ninguém conseguir faze-lo.
ResponderEliminarUma estranha e triste ironia.
EliminarLavar as mãos e cruzar os braços para depois os descruzar e lavar as mãos.
ResponderEliminarEstranha e repetitiva terapia ocupacional.
Um abraço
Estamos num tempo estranho. Uma inquietante estranheza.
EliminarAbraço