quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

A persistência da memória (20)

W. Eugene Smith, Extremadura. Town of Deleitosa, Spain, 1951
Como um eco vindo do fundo tempo, a vida mantém-se na crueza com que atravessou os séculos. Reduzido à frugalidade daquilo que é meramente necessária, cada gesto é o prolongamento de um gesto mais antigo, e este o de um outro ainda mais arcaico. Em cada corpo existe um espaço arqueológico, onde o olhar atento sabe distinguir as camadas em que a vida se foi depositando, para construir um terreno fértil para o exercício da memória, dessa memória que habita tudo aquilo que foi tocado pela cornucópia da escassez e pela dádiva da falta.

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