Lula da Silva. No primeiro dia do novo ano, Lula da Silva tomou posse como Presidente do Brasil. O acto, normal em democracias maduras, representou, nas circunstâncias em que o Brasil tem vivido, uma vitória da democracia. Uma vitória difícil, num país em que parte da população pede a instauração de uma ditadura militar e com ela o fim das liberdades políticas. Veremos se a experiência política do novo Presidente é suficiente para ultrapassar a profunda divisão em que o país se encontra, onde a direita democrática foi pulverizada pelo bolsonarismo, que tem um vincado ódio ao centro esquerda, que pinta como se fosse constituído por perigosos radicais. Veremos ainda se Lula da Silva tem capacidade e instrumentos políticos para tirar da pobreza os 60% de brasileiros, ou parte deles, que nela se encontram.
Guerra na
Ucrânia. O ano que acabou trouxe a guerra para dentro da Europa. Foi o ano
em que os europeus tiveram uma terrível lição sobre o que é a política
internacional. As guerras eram há muito, com exclusão do problema dos Balcãs,
uma coisa longínqua. Agora, é à porta de casa, uma guerra incompreensível para
o cidadão comum. Os europeus aprenderam – espera-se – que a sua segurança não
está garantida e que é preciso fazer alguma coisa por ela. Aprenderam ainda
outra coisa – espera-se, mais uma vez –, aprenderam que diversas potências
mundiais utilizam a economia e os negócios como forma de fazer ruir a casa
europeia, criando laços de dependência que, na altura certa, são usados como
trunfos políticos, senão militares, para conduzir, muitas vezes com cúmplices
europeus, os países da velha Europa à submissão.
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