sábado, 7 de janeiro de 2023

Bento XVI, Lula da Silva e guerra na Ucrânia


Bento XVI. No último dia do ano que acabou morreu o Papa Bento XVI, Joseph Ratzinger. Bento XVI não suscitou nem grandes reconhecimentos populares nem grandes ódios. A serenidade e a timidez não lhe conferiam o dom da comunicação com as massas. Contudo, tinha uma enorme solidez intelectual e uma visão muito clara do papel da Igreja Católica no mundo. Percebeu que as interpretações ditas progressistas do Vaticano II estavam a conduzir a Igreja à irrelevância e estava consciente de que a Europa se podia perder para o catolicismo. Contudo, designá-lo como conservador – ou ultraconservador – é falhar completamente o alvo. Era apenas e completamente católico, fiel à tradição apostólica, às sagradas escrituras e ao magistério da Igreja. Do ponto de vista político, tinha uma funda compreensão da situação da Europa e os livros que lhe dedicou continuam a merecer leitura.

Lula da Silva. No primeiro dia do novo ano, Lula da Silva tomou posse como Presidente do Brasil. O acto, normal em democracias maduras, representou, nas circunstâncias em que o Brasil tem vivido, uma vitória da democracia. Uma vitória difícil, num país em que parte da população pede a instauração de uma ditadura militar e com ela o fim das liberdades políticas. Veremos se a experiência política do novo Presidente é suficiente para ultrapassar a profunda divisão em que o país se encontra, onde a direita democrática foi pulverizada pelo bolsonarismo, que tem um vincado ódio ao centro esquerda, que pinta como se fosse constituído por perigosos radicais. Veremos ainda se Lula da Silva tem capacidade e instrumentos políticos para tirar da pobreza os 60% de brasileiros, ou parte deles, que nela se encontram.

Guerra na Ucrânia. O ano que acabou trouxe a guerra para dentro da Europa. Foi o ano em que os europeus tiveram uma terrível lição sobre o que é a política internacional. As guerras eram há muito, com exclusão do problema dos Balcãs, uma coisa longínqua. Agora, é à porta de casa, uma guerra incompreensível para o cidadão comum. Os europeus aprenderam – espera-se – que a sua segurança não está garantida e que é preciso fazer alguma coisa por ela. Aprenderam ainda outra coisa – espera-se, mais uma vez –, aprenderam que diversas potências mundiais utilizam a economia e os negócios como forma de fazer ruir a casa europeia, criando laços de dependência que, na altura certa, são usados como trunfos políticos, senão militares, para conduzir, muitas vezes com cúmplices europeus, os países da velha Europa à submissão.

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