sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Cadernos do esquecimento 50 A redenção do esquecimento

Frederick Sommer, Taylor, Arizona, 1945

A persistência da erosão é o outro lado da vulnerabilidade humana, que se dissemina do corpo para tudo o que os homens realizam. Durante parte substancial da vida da espécie, pretendeu-se limitar a acção do tempo e assegurar que as obras humanas transportariam para eternidade o selo dos seus autores. Uma luta vã contra um inimigo impiedoso, que, continuamente, dispara sobre aquilo que os homens semeiam como testemunho. Cansados da luta, perdidas as ilusões, os seres humanos passaram a cultivar a rápida obsolescência e a curta memória. Agora, a eternidade deixou de ser a linha do horizonte que o viajante quer alcançar. Mergulhados no fluxo do devir, apenas se espera a redenção do esquecimento.

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