quinta-feira, 2 de março de 2023

O ódio ao Ocidente

Tornou-se manifesta a existência não apenas de um sentimento antiocidental, mas de um propósito de isolar o Ocidente e destruí-lo. A questão é a de saber o que tem a cultura ocidental de específico que provoca um ódio tão avassalador noutras partes do mundo. Alguns ocidentais dirão que o seu comportamento imperialista, a necessidade de abrir mercados nem que seja pela violência. Ora, essa conduta não é uma especificidade ocidental, e, por outro lado, os impérios ocidentais ruíram há muito. A diferença específica geradora de um ódio persistente ao Ocidente é a liberdade dos indivíduos.

O que marca as nossas sociedades é não estarmos submetidos a nenhuma religião, podendo-se adoptar uma ou outra, ou nenhuma. Ser religioso depende da consciência de cada um, da sua liberdade. Do mesmo modo, ninguém é obrigado a suportar a política do governo em exercício. Os chefes políticos são governantes transitórios, sujeitos à lei e à crítica e avaliados nas urnas. Cada um escolhe segundo a sua consciência, a sua liberdade. Por outro lado, a orientação moral não deriva de uma moral colectiva, mas de valores que cada um adopta, respeitando o mesmo direito para os outros, segundo a sua consciência, a sua liberdade. Também a vida sexual da pessoa, desde que não viole a autonomia de terceiros, é da responsabilidade da sua consciência, da sua liberdade.

O ódio que os governantes das potências autoritárias propagam relativamente ao Ocidente deve-se a este ser um mau exemplo. As sociedades ocidentais evoluíram de modo a que cada ser humano possa ser um indivíduo responsável pelos seus actos e dotado de direitos para agir em liberdade, desde que não infrinja direitos de outros. É isto que não é suportável para as lideranças políticas e religiosas do mundo submetido ao autoritarismo de tiranos e tiranetes que olham para as pessoas apenas como membros indiferenciados de um rebanho que deve obedecer, sempre e em todas as questões, ao pastor de serviço.

A liberdade, que viu a luz no Ocidente, é uma flor frágil e, na história dos seres humanos, tem sido a excepção e não a regra. A sua defesa, em todas as áreas, religião, política, moralidade, vida sexual, etc., é uma das tarefas fundamentais dos dias que correm. Defesa perante as ameaças não apenas dos inimigos externos, mas também dos que, internamente, sonham em liquidá-la, para repor nas mãos de um tirano político ou de uma igreja, ou de ambos, o controlo das vidas de cada um. Defender a liberdade é defender a existência de indivíduos que administram a sua vida conforme lhes dita a sua consciência, a sua liberdade.

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