Bernardo Marques, Tejo (aqui) |
Ruídos de sirenes pela noite de
transeuntes
ao acaso das ruas rendidos. Em
estreitas ruelas,
flamejam avaras pequenas luzes e
se pelo chão
imundos os destroços caem, é nas
mãos
vazias que brancos e lívidos se
trazem. Esqueceram
na senda da noite o nome que lhe
deram e
sentados na calçada ao anjo pedem
pela manhã a memória venha, mesmo
se branca,
mesmo se fria e gélida. Garrafas
partidas,
estilhaçados copos, tudo a noite
cobre,
e os corpos destilam abraçados;
gavinhas
frágeis, logo a aurora as desfaz.
No frio da cidade
o ar recobre-se de névoas e o Tejo
embarca
pelo mar ali no lugar onde tudo se
refaz.
(2006)
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